Segundo informou a publicação chinesa Global Times, a empresa alcançou 78 casos de Covid-19 entre os 40 mil voluntários, suficiente para realizar a análise preliminar de eficácia. Os dados ainda não foram revelados, mas aparentemente não houve nenhum evento adverso grave, e os parâmetros de eficácia foram alcançados.
Se confirmados os resultados positivos mencionados pela publicação, a vacina da CanSino teria um potencial de alta efetividade no combate à pandemia. Isso porque, assim como a fórmula pesquisada pela Johnson & Johnson, os ensaios clínicos da empresa chinesa testaram os níveis de proteção conferidos por apenas uma dose, em vez de duas como basicamente todas as outras vacinas em fases avançadas de testes.
A vacina da CanSino, com nome formal de Ad5-nCoV, utiliza vetor viral de adenovírus, como outras que ganharam destaque ao longo dos últimos meses. A plataforma é similar à usada pelas vacinas de Oxford, da Johnson & Johnson e do Instituto Gamaleya, a russa Sputnik V.
Como outras do seu tipo, a Ad5-nCoV conta com grandes pontos positivos logísticos. O primeiro é poder ser armazenada e transportada em temperaturas de 2°C e 8°C, compatível com uma geladeira comum. Além disso, não são necessários laboratórios com alto nível de biossegurança, que é o caso das vacinas de vírus inativado.
Uma diferença apontada pela publicação é de que a CanSino utiliza o adenovírus tipo 5 (Ad5) para carregar a informação genética do Sars-Cov-2 para as células. Esse tipo é o mais comum em circulação entre humanos, o que poderia causar uma eficácia reduzida: se o vacinado já havia entrado em contato com o Ad5 antes, existe o risco de sua memória imunológica prévia anule o vírus sem desenvolver a resposta contra os antígenos do coronavírus. As outras empresas utilizaram outros adenovírus; a Johnson & Johnson utilizou o Ad26, enquanto Oxford utiliza o ChAdOx1, de chimpanzés.
A vacina da CanSino também tem um detalhe diferente de qualquer outra: ela foi a primeira no mundo a ser utilizada emergencialmente fora do protocolo de pesquisas. A vacina já era utilizada pelas forças armadas da China há muito tempo, desde junho do ano passado, então já há um grupo grande de pessoas vacinadas que também podem servir de referência para aferir a segurança e eficácia.
Fonte: Olhar Digital