Elijah Wood em 'O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel'/Imagem: Warner/New Line
E cá estamos nós com mais uma seleção completamente aleatória para você pensar em streaming enquanto fica em casa durante o isolamento social - e nunca é demais lembrar, se você não precisar sair, se seu serviço não for essencial, se você puder, FICA EM CASA!
Pincelar trilogias no streaming às vezes é complicado pelo fato de, inexplicavelmente, aparecer um vácuo no meio da brincadeira. Os "Homem-Aranha" de Sam Raimi? Bom, tem o primeiro, tem o terceiro, mas o capítulo "do meio" meio que kaput. Indiana Jones? É certo que "Os Caçadores da Arca Perdida" está disponível... E só (meio que desconsiderei "O Reino da Caveira de Cristal").
O PODEROSO CHEFÃO
(The Godfather, 1972; The Godfather: Part II, 1974; The Godfather: Part III, 1990; Amazon Prime).
Marlon Brando em 'O Poderoso Chefão' Imagem: Paramount
Não é ao acaso que "O Poderoso Chefão" é considerado por muitos o melhor filme de todos os tempos. É uma obra com tantas camadas, com tantas leituras, que a cada revisão fica mais surreal pensar que a adaptação do romance de Mario Puzo (que também escreveu o roteiro) é resultado do mais puro caos.
Por anos o diretor Francis Ford Coppola brigou com executivos, com astros e consigo mesmo para fazer com que sua visão da saga da família Corleone, liderada pelo padrinho Vito (Marlon Brando) chegasse intacta aos cinemas. Foi, por fim, uma batalha vencida pela arte de contar histórias na tela grande, uma história sobre um homem que luta mas é incapaz de fugir a seu próprio destino, que mantém intacta sua aura épica.
Robert De Niro em 'O Poderoso Chefão: Parte II' Imagem: Paramount
Mais impressionante foi Coppola recapturar o raio na garrafa dois anos depois. "O Poderoso Chefão: Parte II" avança a jornada de Michael Corleone (Al Pacino) para se firmar como herdeiro da família, ao mesmo tempo em que retoma as origens de Vito e sua chegada na América - jovem, ganha interpretação de Robert De Niro. Há controvérsias sobre qual dos filmes seria o melhor!
Coppola levou mais de quinze anos para encerrar a epopeia de Michael, entrando na década de 90 com "O Poderoso Chefão: Parte III", que se empalidece antes seus predecessores, é ainda um filme poderoso, explorando os laços entre o crime e a igreja, finalmente em uma história de redenção.... Será?
Al Pacino em 'O Poderoso Chefão: Parte III' Imagem: Paramount
Sem preferências
A balança entre "O Poderoso Chefão" e sua sequência está perfeitamente equilibrada.
Patinho feio
"O Poderoso Chefão: Parte III" recebeu críticas (injustas) quando foi lançado, mas é um epílogo digno.
Fuja de...
Ficou a fim de ver mais filmes sobre os homens por trás do crime organizado? Beleza, mas não chegue perto do cafonérrimo "Caça aos Gângsters" nem para fazer graça.
UM TIRA DA PESADA
(Bevery Hills Cop, 1984; Beverly Hills Cop 2, 1987; Beverly Hills Cop 3, 1994; Amazon Prime).
Eddie Murphy em 'Um Tira da Pesada' Imagem: Paramount
O filme que fez de Eddie Murphy um astro ainda é uma comédia policial de primeiríssima. Os produtores queriam Sylvester Stallone no papel do detetive da polícia de Detroit Axel Foley, que se manda para Beverly Hills para investigar o assassinato de um amigo. Sly preferiu desenvolver "Cobra", e Murphy terminou escalado em seu lugar.
E não poderia ser um casamento melhor. O diretor Martin Brest entendeu como trabalhar com o astro, e juntos construíram um filme quase perfeito, que imediatamente garfou o zeitgeist para se tornar a segunda maior bilheteria mundial em 1984, atrás somente de "Indiana Jones e o Templo da Perdição".
Eddie Murphy em 'Um Tira da Pesada 2' Imagem: Paramount
A sequência não tardou, com Tony Scott assumindo as rédeas do novo filme em 1987 - visualmente mais apurado, com Eddie já confortável no papel de astro absoluto. A trama ganhou mais escopo (a treta agora é o tráfico internacional de armas), mas o protagonista perdeu um pouco de sua crueza. Ainda assim, foi mais um sucesso, estacionando atrás dos números de "Atração Fatal".
Axel Foley só voltou aos cinemas em 1994, mas o cinema de ação então já era outro animal. "Duro de Matar" reescrevera as regras do jogo em 1988, e os produtores optaram por seguir a fórmula. Nem mesmo John Landis na direção segurou a onda, resultando em um "duro de matar em um parque de diversões". Mas dá para encarar como epílogo quando a pipoca esfriar.
Eddie Murphy em 'Um Tira da Pesada 3' Imagem: Paramount
O melhor
"Um Tira da Pesada"
Dá pra aguentar
"Um Tira da Pesada 2"
Somos completistas
"Um Tira da Pesada 3"
Fuja de...
"As Aventuras de Pluto Nash", uma das maiores bombas da história, mesmo que você queira mais uma dose de Eddie Murphy em sua vida. Resista à tentação!!!
A MÚMIA
(The Mummy, 1999; The Mummy Returns, 2001; The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor, 2008; Netflix).
Brendan Fraser, Rachel Weisz e John Hannah em 'A Múmia' Imagem: Universal
A ideia de refilmar o clássico de terror "A Múmia" seria arriscada, não fosse a decisão de transformar a empreitada em uma aventura com o DNA de Indiana Jones, mas sem seu verniz bacana. Brendan Fraser foi escolhido como o herói do filme, que ao ser lançado em 1999 foi sucesso imediato.
Parte se deve ao carisma do próprio Fraser, um aventureiro que ajuda uma arqueóloga (Rachel Weisz) a desvendar o mistério de um sacerdote egípcio ressuscitado nos anos 30 (a ambientação é totalmente proposital). É divertido, acelerado e fez uma tonelada de dinheiro.
The Rock digital em 'O Retorno da Múmia' Imagem: Universal
Exatamente por isso que "O Retorno da Múmia" seguiu não muito tempo depois, em 2001, mas sem a fagulha do primeiro. Com mais dinheiro em caixa, Sommers trocou o senso de humor por um festival de efeitos digitais que nem sempre funcionam, como o horrendo Escorpião-Rei do clímax, que traz um The Rock em CGI tosco ao máximo.
A série ficaria por aí, mas o estúdio decidiu voltar à aventura em 2008. Mas "A Tumba do Imperador Dragão" parece preguiçoso, mesmo com a adição de Jet Li. Com a direção nas mãos de Rob Cohen, o filme faturou 400 milhões de dólares mas mal registrou no radar. Poderia ser pior. E foi.
Jet Li em 'A Múmia: A Tumba do Imperador Dragão' Imagem: Universal
Matinê bacana
"A Múmia"
Tem charme trash
"O Retorno da Múmia" Cadê Rachel Weisz?
Fuja de...
Eu avisei que poderia piorar. E de fato foi um desastre quando o estúdio tentou disparar um "universo compartilhado" de monstros clássicos em 2017 com "A Múmia". Nem Tom Cruise salva do desastre total.
O SENHOR DOS ANÉIS
(The Fellowship of the Ring, 2001; The Two Towers, 2002; The Return of the King, 2003; Netflix).
Elijah Wood em 'O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel' Imagem: Warner/New Line
Acho até engraçado quando vejo um meme comparando a obra-prima de Peter Jackson com a saga "Harry Potter". Os bruxos de J.K. Rowling são legais, mas não amarram os cadarços da trilogia que finalmente levou os livros de J.R.R. Tolkien ao cinema.
Veja bem, eu uso "trilogia" aqui de forma superficial, já que "O Senhor dos Anéis" é na verdade um único filme dividido em três. É até estranho imaginar que em 2021 já serão duas décadas desde que Frodo e cia. partiram em uma jornada na Terra Média para destruir o Um Anel e derrotar Sauron, a encarnação de todo o mal.
Andy Serkis e Elijah Wood em 'O Senhor dos Anéis: As Duas Torres' Imagem: Warner/New Line
Peter Jackson, por sinal, foi um general por mais de cinco anos, supervisionando cada etapa da tarefa hercúlea que foi recriar o mundo imaginado por Tolkien no cinema. Visualmente é um absurdo, uma combinação de técnicas de efeitos especiais, de miniaturas a perspectiva forçada a CGI e captura de movimento, tudo a serviço de uma trama épica de heróis e vilões.
O grande acerto do diretor, entretanto, foi a escolha cirúrgica de seu elenco. Impossível imaginar "O Senhor dos Anéis" sem Elijah Wood, ou Viggo Mortensen, ou Cate Blanchett, ou Andy Serkis, ou Ian McKellen. Desde então, o cinema tentou reproduzir o escopo épico e a carga emocional da trilogia. Ainda não conseguiu.
Viggo Mortensen e Orlando Bloom em 'O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei' Imagem: Warner/New Line
Fique confortável
Em um mundo perfeito, "O Senhor dos Anéis" deve ser saboreado de uma vez só, então é recomendável reservar um dia inteiro, desligar o celular e entrar na brincadeira.
Magoei...
Infelizmente, os filmes disponíveis em streaming não são as versões estendidas lançadas por Jackson em blu-ray. "O Senhor dos Anéis" raiz mesmo é uma maratona de doze horas - acredite, vale a pena!
Fuja de...
É impressionante observar que o mesmo Peter Jackson fez uma adaptação tão flácida como "Um Olhar no Paraíso", um filme feito de decisões erradas de ponta a ponta.
RIDDICK
(Pitch Black, 2000; The Chronicles of Riddick, 2004; Riddick, 2013; Netflix).
Vin Diesel em 'Eclipse Mortal' Imagem: Universal
Antes de pilotar carros que desafiam as leis da física em "Velozes & Furiosos", Vin Diesel já havia criado uma série para chamar de sua. "Eclipse Mortal" surgiu no começo do novo século como uma ficção científica B, perfeita para um drive in, mas que elevou-se além de suas ambições originais.
Cria de Diesel com o diretor e roteirista David Twohy, o mercenário Richard Riddick é um anti-herói perfeito, forçado a tomar o lado dos mocinhos devido a um senso de honra insuspeito e de aguçado instinto de sobrevivência - ele precisa de ajuda para enfrentar criaturas alienígenas que caçam na escuridão.
Judi Dench e Vin Diesel em 'A Batalha de Riddick' Imagem: Universal
O segundo filme, "A Batalha de Riddick", engrossou a mitologia do personagem e expandiu seu universo, com viagens por diferentes planetas em uma trama que mirou a construção de uma saga ao estilo "Star Wars" - nunca acusem Vin Diesel de não ser ambicioso.
Vin Diesel em 'Riddick 3' Imagem: Imagem Filmes
O melhor
"Eclipse Mortal"
Voltando à boa forma
"Riddick 3"
Fuja de...
Vin Diesel está constantemente em busca de uma nova série, e os resultados geralmente são pífios. Mas poucos foram piores do que o tosquíssimo "O Último Caçador de Bruxas".
BLADE
(Blade, 1998; Blade II, 2002; Blade: Trinity, 2004; HBO GO).
Wesley Snipes em 'Blade: O Caçador de Vampiros' Imagem: New Line
Antes de a Marvel ser a Marvel no cinema, existia "Blade - O Caçador de Vampiros". Até então a editora (longe de ser um estúdio) licenciara vários personagens com diversas majors, e a New Line apostou em Wesley Snipes como o "caminhante do dia", um anti herói com legado de monstro, ainda que tentasse ajudar a humanidade.
O primeiro filme, de Stephen Norrington, misturar terror e ação com ao menos uma sequência memorável: a abertura, em que Blade surge em uma rave de vampiros em que sangue literalmente jorra sobre dúzias de criaturas. Os efeitos até que envelheceram bem, e o sucesso do filme fez que que a Fox apostasse, dois anos depois, em "X-Men", abrindo as porteiras para os heróis de Hqs.
Wesley Snipes em 'Blade II' Imagem: New Line
Longe de desacelerar, "Blade II" trouxe Guillermo Del Toro no comando, resultando em um filme mais coeso, mais bonito e, sim, mais emocionante! O diretor de "A Forma da Água" fez uma versão vampírica de "Aliens, O Resgate", ampliando a ameaça, criando uma aliança inusitada e injetando no protagonista uma bem-vinda dose de humanidade.
Tudo foi para o vinagre dois anos depois. "Blade: Trinity" trouxe um astro antipático, sem nenhuma vontade de dividir o holofote com seus companheiros de cena - o que não impediu Ryan Reynolds e Jessica Biel de roubar o espetáculo. O que era para ser um clímax épico, com Blade combatendo o pai de todos os vampiros, o próprio Drácula, acabou explodindo como um traque em festa junina.
Jessica Biel, Wesley Snipes e Ryan Reynolds em 'Blade: Trinity' Imagem: New Line
O melhor
"Blade II"
Digno e empolgante
"Blade - O Caçador de Vampiros"
Ah, já estou aqui mesmo...
"Blade: Trinity"
BOURNE
(The Bourne Identity, 2002; The Bourne Supremacy, 2004; The Bourne Ultimatum, 2007; Netflix/Amazon Prime).
Matt Damon em 'A Identidade Bourne' Imagem: Universal
Até "A Identidade Bourne", era inimaginável enxergar Matt Damon como astro de filmes de ação. Mas ele o fez sem abraçar estereótipos: o filme de Doug Liman foi além da "fórmula" do gênero, colocando o ator como uma máquina de matar sem a menor ideia de quem ele é. Descobrimos quem é Jason Bourne ao mesmo tempo que ele, e isso deixou a experiência mais incrível.
Até hoje, "Identidade" é deliciosamente reassistível, daqueles filmes que a gente pesca com o canto do olho e, quando vê, está imerso mais uma vez. A produção foi complexa, com Liman batendo cabeça com produtores, mas as agruras valeram a pena.
Matt Damon em 'A Supremacia Bourne' Imagem: Universal
Tanto que o personagem criado por Robert Ludlum voltou dois anos depois. "A Supremacia Bourne" trocou de capitão, e foi para melhor. Paul Greengrass, com background semi documental, injetou uma outra sensibilidade na série, deixando-a ainda mais dinâmica, com a energia cinética ajudando a conduzir a narrativa.
Matt Damon em 'O Ultimato Bourne' Imagem: Universal
O melhor
"O Ultimato Bourne"
Tão bom quanto
"A Identidade Bourne"
Ok, é igualmente incrível
"A Supremacia Bourne"
Fuja de...
Sem Matt Damon, os produtores decidiram por um spin off desnecessário que amplia as "origens" do programa secreto que criou Bourne. Mas "O Legado Bourne" não vai além do filme de ação derivativo, mesmo com Jeremy Renner fazendo seu melhor.... Ok, ok, é bacana também. Feliz agora?
Por: entretenimento.uol