"Devemos evitar ler e escutar muitas notícias e fazer muito alarme perto das crianças, mas, ao mesmo, tempo, informá-las sobre o que ocorre no mundo de maneira bastante objetiva", destaca Paula Khoury
Coronavírus, o nome mais falado no momento. Até mesmo pelas crianças. Em casa, devido à suspensão das aulas presenciais nas redes pública e privada, a turminha está sendo apresentada a algo inédito e preocupante. Muitas foram informadas por professores durante os dias em que ainda estavam tendo aula. Agora, com o isolamento social, passam o dia todo brincando. E ouvindo familiares falando a respeito. Como pais e responsáveis devem abordar o assunto?
A psicóloga Paula Khoury, conselheira do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG), destaca que os adultos devem se lembrar que, muitas vezes, transmitem muito mais para as crianças com ações, devido à maneira como se comportam e como estão se sentindo, não só com as palavras. Desta forma, instrui a profissional, a primeira coisa que se deve fazer é entender o que está acontecendo.
"Sabemos que se trata de uma situação nova e que a quantidade de informações que recebemos é gigantesca. Isso nos deixa assustados e ansioso. Além disso, a própria mudança de rotinas assusta aos adultos e às crianças. Devemos evitar ler e escutar muitas notícias e fazer muito alarme perto das crianças, mas, ao mesmo, tempo, informá-las sobre o que ocorre no mundo de maneira bastante objetiva. Muitas vezes, quanto mais informações, mais confusa fica a mensagem e mais insegura fica a criança" - alerta a psicóloga.
Paula Khoury ressalta, ainda, a importância de dar atenção às dúvidas das crianças e saber delas o que elas já aprenderam . Seja na escola, com colegas, amigos e familiares sobre o assunto.
"A gente quer que a criança fique tranquila, se sinta segura, né? Mas os adultos estão em pânico. A rotina das criança modificou completamente. Então é incoerente. Nós só falamos deste assunto, estamos muito apreensivos e as crianças percebem isso. Elas no observam muito. Precisamos aprender que transmitir a informação para a criança, de maneira objetiva e sincera não significa colocar medo" - pondera Paula Khoury.
Neste momento, aconselha a psicóloga, não é momento para retaliações caso a criança não cumpra fielmente todas as orientações. E nem de ameaçá-la.
"É comum a família acabar por ameaçar a criança para obedecer ou para fazer um ou outro comportamento, 'se não vai pegar o corona vírus'. Somos nós, adultos, que transmitimos esse medo à criança, através da maneira que lidamos com os assuntos difíceis" - ensina a profissional.
Outra dica: não deixar que elas pensem que estão em férias. É preciso deixá-las brincar, mas sem deixar de alertar.
"Não se trata de fingir que elas estão de férias e negar o assunto, mas também não exagerar nas informações e na maneira trágica de conversar, transmitindo medo e insegurança. É importante também utilizar de maneiras lúdicas e práticas para exemplificar a situação para as crianças. Elas aprendem na brincadeira e utilizam da brincadeira para lidar com as questões do mundo" - finaliza a psicóloga.
Fonte: g1.globo.com