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Em 2012, três brasileiros de Maceió criaram uma startup que usa inteligência artificial (IA) para traduzir digital e automaticamente conteúdos em português para a Língua Brasileira de Sinais. Chamado de Hand Talk, o projeto se popularizou pelo país e alcançou reconhecimento internacional, sendo escolhido pela ONU como o melhor aplicativo de inclusão social. Na última terça-feira (7), a iniciativa adicionou ao seu currículo a vitória no Desafio Google em IA, levando para casa um prêmio de US$ 750 mil, aproximadamente R$ 3 milhões.
A Hand Talk foi um dos 20 vencedores do desafio, que recebeu 2602 inscrições de projetos de 119 países. O Google anunciou os premiados durante o segundo dia da sua conferência anual de desenvolvedores, o Google I/O, que neste ano acontece em São Francisco. Os parâmetros de seleção dos ganhadores foram viabilidade, potencial de impacto, escalabilidade e uso responsável da inteligência artificial.
O objetivo do prêmio é incentivar e oferecer suporte a organizações sem fins lucrativos e ONGs a utilizarem IA a promoverem soluções para causas humanitárias. Os 20 selecionados também vão receber consultorias com especialistas de IA do Google e participar do programa Google Developers Launchpad, que acontece de maio a novembro de 2019.
Com o prêmio, a Hand Talk objetiva não apenas investe na melhoria da qualidade das traduções da ferramenta, mas também desenvolve a funcionalidade de tradução do inglês para ASL (a Língua Americana de Sinais).
De acordo com os dados mais recentes do IBGE, divulgados em 2010, no Brasil há 9,7 milhões de deficientes auditivos. Apesar do número elevado, o país ainda se arrasta em termos de acessibilidade e inclusão social dessas pessoas, que enfrentam inúmeras dificuldades diárias, como a leitura de informações – digitais ou impressas – que, entre outras consequências, é um grande obstáculo para a formação educacional.
Para muitos dos deficientes auditivos, a língua de sinais é a forma mais comum, senão a única, de se comunicarem. Segundo dados da Federação Mundial de Surdos (WFD, em inglês), 80% dos surdos do mundo são analfabetos nas línguas escritas. Por isso, eles também podem não compreender conteúdo de texto em português.
Pensando nisso, com o objetivo de promover a acessibilidade e inclusão social de deficientes auditivos, a Hand Talk oferece dois produtos principais: um tradutor de sites e um aplicativo mobile. O primeiro é baseado no avatar digital Hugo, um intérprete que traduz o conteúdo dos sites para a língua de sinais. O segundo traduz conteúdos em texto e voz automaticamente para libras, além de oferecer um dicionário para sinais educativos que auxiliam no aprendizado de estudante surdos.
Por ser capaz de traduzir áudios, o app, disponível para iOS e Android, também pode auxiliar deficientes auditivos a se comunicar e interagir com quem não sabe a língua de sinais, como é o caso da maioria das pessoas. Isso melhoraria as condições de sociabilidade e pessoas com deficiência auditiva, permitindo que participem de atividades que antes não poderiam devido à falta de acessibilidade.
O projeto também incentiva todas as pessoas a aprenderem a língua de sinais, que é considerada língua oficial do Brasil desde 2002, por meio do dicionário e dos vídeos explicativos disponíveis no app.
Fonte: Olhar Digital