Mais de 200 tripulantes brasileiros estão retidos em navios nos EUA
Pessoas
Publicado em 17/04/2020

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e presidente Jair Bolsonaro no resort de Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida/Imagem: TOM BRENNER

As restrições impostas pelo governo americano por conta da pandemia estão deixando mais de 200 trabalhadores brasileiros retidos em navios em portos nos EUA. Os brasileiros são funcionários de companhias de cruzeiros e estão sendo obrigados a permanecer nos barcos.

No total, os tripulantes brasileiros estão e 14 embarcações diferentes, ancoradas principalmente na região da Flórida. Numa delas está o brasileiro Julio Cesar da Silva Costa, gerente de atendimento e relacionamento de sua embarcação.

Em conversa com a coluna, ele conta que, diante do aumento de mortes nos EUA nas últimas semanas, o governo ampliou as restrições e passou a impedir que a tripulação de navios fossem transferidos para vôos comerciais regulares.

O resultado é que, para que sejam repatriados, cabe às empresas marítimas organizar vôos fretados para seus funcionários. Mas, como em cada navio existem um número relativamente baixo de brasileiros, a organização desses vôos tem sido dificultada.

Costa conta que, na última segunda-feira, ele tinha um vôo marcado para sair de Miami, em direção ao Brasil. O avião levaria cerca de cem pessoas na mesma situação. Mas as novas regras levaram ao cancelamento do vôo. "Fomos impedidos de embarcar", disse o brasileiro, que está a bordo desde dezembro.

Em seu navio, não foram registrados casos. "Mas estamos praticando isolamento social", relatou. Além deles, outros dois brasileiros estão na mesma embarcação.

Nesta semana, numa carta ao chanceler Ernesto Araújo, as deputadas do PSOL Sâmia Bonfim, Fernanda Melchionna e o restante da bancada do partido na Câmara de Deputados pediram que o governo brasileiro coordene uma saída para tal situação com o governo americano.

Segundo a comunicação, essas pessoas estão "confinadas nos navios sem receber salários, sendo mantidas em cabines minúsculas, muitas delas sem janelas, recebendo alimentação através do serviço de quarto, sem nenhuma perspectiva de voltar para casa".

De acordo com a carta, 21 tripulantes brasileiros, por exemplo, estão a bordo do NCL Star, em Tampa, contra 24 no NCL Epic, em Miami.

Já em San Diego, são outros 42 tripulantes brasileiros. Mas, segundo a carta, a empresa teria conseguido fechar um acordo e conseguiu a autorização do governo americano para que um vôo possa sair levando a tripulação brasileira e de outros países latino-americanos neste fim de semana.

Os deputados pedem que o Itamaraty tome as "devidas providências de modo a viabilizar o ponto retorno" desses trabalhadores.

 Por: UOL

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