Fina Estampa: seu chefe é a Griselda ou a Thereza Cristina?
Pessoas
Publicado em 17/04/2020

 

*Raony Pacheco 

A TV Globo está reprisando a novela Fina Estampa. Claro, um bom noveleiro, como eu, não perde uma oportunidade de dar àquela olhada mais criteriosa nos episódios. E sabe que isso me fez criar uma análise de comportamentos de personagens da trama. Em especial, a Pereirão e a Thereza Cristina. Na minha opinião, dois modelos de líderes de equipes existentes nas empresas, independente do mercado de atuação.

A Griselda, interpretada pela atriz Lília Cabral, é chamada de Pereirão por ser do estilo mão na massa. Ela faz tudo numa obra, sabe tudo de parte elétrica, é do perfil “atendo o cliente na hora que ele me chamar” e tem lá a sua organização – da sua maneira.

A Thereza Cristina, interpretada por Christiane Torloni, faz um estilo “vida boa”. Rica, na novela ela tem vários funcionários à sua disposição. Em sua casa, manda e desmanda, sem hora para pedir as coisas, é tudo na hora que ela quer. Porém, sua equipe atua com eficácia, na maioria das ações, e seus “colaboradores” já sabem o que fazer em cada situação.

Antes de você traçar o perfil parecido com alguém que conheça ou até mesmo o seu – por que não -, existem pontos positivos e negativos em cada perfil. É aí que vale a forma de dosar para obter êxitos como líder. Vou tentar te ajudar a compreender.

O estilo Pereirão possui muitas qualidades. É o líder que constrói, de fato, o respeito pelas atitudes. Sabe o passo a passo do trabalho, do ponto inicial ao ponto final. É aquele que entrega para a equipe o bê-a-bá da ação/cliente atendido. No atendimento, então, é o que faz questão de conferir execução e entrega. Pensando bem, é o “Brasil que eu quero”.

Mas, calma. A Griselda também tem seus problemas. No parágrafo acima eu não citei, por exemplo, planejamento. Pode parecer fútil isso devido à entrega dela no trabalho. Contudo, o não planejar consequentemente pode afetar no trabalho realizado. Correria e saber fazer podem ser inimigos da eficácia, principalmente sem um objetivo traçado. E será que a Pereirão consegue passar para sua equipe as formas corretas de fazer? Consegue desenvolver e capacitar alguém? Última: consegue se adequar a possíveis modernidades do mercado com facilidade?

Então, vou ser a Thereza Cristina. Ela é mais linha dura, e não podemos negar que, na novela, sua equipe entrega o trabalho. A líder é respeitada pelos seus colaboradores, que sempre chegam no horário do trabalho, cumprem suas funções e reportam a ela, constantemente. Dificilmente acontecem erros.

Opa, calma lá. Ela é mais linha dura, e não podemos negar que, na novela, sua equipe entrega o trabalho. E se fosse na vida real, entregariam? Em alguns capítulos os “colaboradores” da chefona demonstram mais medo de errar do que, claramente, entregar tudo certo. Aí mora o problema. A pressão por ela exercida, isso no tom da fala, por exemplo, transforma a tarefa em cenário de pressão – e realizar sem qualidade.

Outra coisa, Thereza não participa do trabalho. Ela só manda, quer o resultado rápido e não quer saber como isso ocorreu. A pura forma “faz logo o que mandei”. Será, então, que ela lidera um bom time? Será que equipe se sente à vontade para opinar? Será que ela poderá contar com todos numa possível gestão de crise?

E no capítulo da festa de renovação de votos da Thereza Cristina com seu marido, quando teve um problema, ela surtou. Faltou calma. Seus colaboradores tomaram atitudes drásticas para resolver logo o acontecido. Resultado: péssimas escolhas.

Apresentados os cenários, qual é o melhor modelo de liderança? Resposta complicada, reconheço. Mas seria legal apreender a aplicar no dia a dia um pouquinho das duas, sempre com respeito máximo aos seus funcionários. E não se esqueça: você não é Pereirão ou Thereza Cristina. Você é você.

Raony Pacheco é jornalista e professor do Projeto Conectados

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