Foto: REUTERS/Leonardo Benassatto
Governador de São Paulo vai anunciar detalhes da ampliação na coletiva desta sexta-feira (17) no Palácio dos Bandeirantes.
O governador João Doria (PSDB) vai anunciar a prorrogação da quarentena no estado de São Paulo por causa da pandemia de coronavírus. Essa já é a segunda prorrogação da quarentena que teve início no dia 7 de abril nos 645 municípios do estado. O estado registra 853 mortes provocadas pela Covid-19 e 11.568 casos confirmados de contaminação.
O término da quarentena estava previsto para o dia 22 de abril. Com a prorrogação, os detalhes do período de duração serão divulgados no início da tarde desta sexta-feira (17) durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul de São Paulo.
A medida obriga o fechamento do comércio e mantém apenas os serviços essenciais, como nas áreas de Saúde e Segurança.
A prorrogação da quarentena ocorreu devido ao número crescente de casos de contaminação e de mortes registradas, além do baixo índice do isolamento social da população, que está em 50%, de acordo com o sistema de monitoramento que utiliza sinais de celulares para saber se as pessoas estão em casa e localizar aglomerações. O governo diz que a taxa ideal para tentar impedir o avanço da doença é de 70%.
O infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência contra o Coronavírus no estado de São Paulo, disse nesta manhã que o planejamento contra a doença começou em fevereiro e que o pico deve ser em maio. "As curvas de ascensão estão dentro do esperado e até de uma forma melhor do que nós imaginávamos porque nós entendemos que com esse distanciamento social foi possível achatar, em um primeiro momento, a curva de ascensão e diminuir o número de infectados. Nós estamos esperando que esse pico aconteça e o desafio é que não seja um pico Monte do Everest e sim de um montanha", afirmou. "Nós estamos na ascensão da curva, mas que semana de maio vai se dar o pico, nós ainda estamos trabalhando os dados."
De acordo com ele, o vírus está concentrado na região metropolitana de São Paulo. Uip reforçou a necessidade do isolamento social para diminuir os impactos nas unidades de saúde, especialmente da rede pública. "A população precisa estar convencida que o distanciamento é absolutamente fundamental. Primeiro, porque você melhora diminuindo o índice de transmissibilidade, depois você diminui o índice de doença, mas fundamentalmente você consegue impactar menos daqueles 20% de pacientes que precisarão ser internados e dos 5% que vão para as UTIs".
Mortes
O número de mortes por coronavírus no estado de São Paulo subiu para 853 nesta quinta-feira (16), segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Já são 11.568 casos confirmados da doença no estado. Nas últimas 24 horas, foram 75 novas mortes e 525 novos casos confirmados da infecção.
As mortes por coronavírus atingiram 83 municípios do estado, segundo a secretaria. A capital paulista tem até aqui o maior número de óbitos confirmados, chegando a 603 até esta quinta-feira, segundo os números estaduais.
"Apenas 26% das pessoas que morreram até agora em São Paulo têm menos de 60 anos e, neste grupo mais jovem, a maioria das mortes está associada a comorbidades", disse o diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Luiz Carlos Pereira Junior.
Entre as vítimas fatais, 507 são homens e 346 mulheres. Os óbitos continuam concentrados em pacientes com 60 anos ou mais, totalizando 79,3% das mortes.
De acordo com a secretaria, os casos confirmados de pacientes internados em UTIs de São Paulo chegaram a 1.115 nesta quinta-feira. Nas enfermarias são 1.264 pacientes.
O boletim diário da pasta afirma que o estado tem registrado a média de ao menos 100 novas internações diárias.
Entre os casos ainda suspeitos, 2.393 pacientes estão em observação em enfermarias de hospitais no estado, enquanto outros 1.421 estão em UTIs.
Sistema sobrecarregado
A taxa de ocupação das UTIs dos hospitais mais procurados na capital varia de 80%, percentual registrado no Hospital Geral da Carapicuíba, a 93%, valor verificado na UTI do Hospital Emílio Ribas, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.
Em coletiva de imprensa nesta tarde também foram divulgadas as taxas de outros hospitais da capital com grande ocupação de leitos em UTI e enfermaria.
Maiores taxas de ocupação de UTI:
Hospital Emílio Ribas: 93%
Hospital Geral de Pedreira: 93%
Hospital Geral Vila Nova Cachoeirinha: 86%
Hospital das Cínicas: 83%
Hospital Geral de Carapicuíba: 80%
Hospital Geral Santa Marcelina do Itaim Paulista: 80%
"A taxa de ocupação de leitos tem oscilado diariamente, e também durante o dia. [ No Emílio Ribas] tivemos ontem um óbito e duas altas. Essa taxa de ocupação então oscilou de 100% para 93% hoje. Quando os leitos vagam, eles são disponibilizados para a Central de Regulação dos Serviços de Saúde, que vai direcionar novos casos para ocupar esses três leitos. Eventualmente esse movimento demora até 12 horas", afirma o diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Luiz Carlos Pereira Junior.
Por: G1 SP e TV Globo — São Paulo