uma base de dados audiovisual que cria e armazena “dublês digitais” a partir de inteligência artificial. Pode parecer o início de um filme de ficção científica digno de Hollywood, mas é apenas a realidade. A iniciativa, chamada CAA Vault, foi criada pela Creative Artists Agency (CAA), uma das maiores agências de talentos do mundo.
IA analisa os músculos e até a forma de caminhar do artista
De acordo com a empresa, o objetivo é proteger as imagens e vozes de seus clientes, criando um novo mercado de artistas virtuais. Em parceria com o Clear Angle Studios, especializado em escaneamento 3D e efeitos visuais para filmes da Marvel ou Disney, a CAA montou estúdios em Londres, na Inglaterra, e em Los Angeles, nos Estados Unidos, onde é possível criar e estabelecer um dublê digital.
Primeiro, o ator original passa por um escaneamento completo do corpo em 17 tipos diferentes de iluminação. Depois, câmeras capturam certos movimentos do corpo para a IA entender o funcionamento dos músculos e a forma de caminhar da pessoa, por exemplo.
O terceiro passo envolve a captação de todos os detalhes do rosto numa máquina apelidada de Dorothy, com centenas de câmeras e flashes que, durante duas sessões, tiram cerca de 700 fotos a cada três segundos de 76 expressões diferentes da face. A quarta e última etapa é feita num estúdio de gravação, onde o artista precisa falar ao microfone centenas de frases pré-estabelecidas que fornecem uma vasta gama de sons que podem ser usados para criar monólogos inteiros, até mesmo em outras línguas.
Com a criação do dublê digital, o cliente do CAA Vault possui os direitos completos da sua imagem e da sua voz. Nada pode ser usado sem a sua autorização ou pagamento de um cachê previamente estabelecido.
Potencialidades e riscos da tecnologia
Segundo a Creative Artists Agency, as possibilidades criadas pela tecnologia são enormes.
É possível, por exemplo, que um cantor use um dublê digital para enviar vídeos com seu rosto chamando os fãs para determinado show e em qualquer língua.
Além disso, um ator pode usar a tecnologia para gravar cenas de filme, caso não possa comparecer presencialmente.
Isso abre a possibilidade até mesmo para o uso de artistas que já morreram (nestes casos, a família fica com o controle da imagem).
No entanto, críticos da ideia apontam que a tecnologia também pode ser utilizada para criar deepfakes, ou “impostores digitais”.
A utilização de réplicas digitais foi inclusive um dos pontos de maior desentendimento entre os estúdios e os atores na greve que paralisou as atividades em Hollywood por 118 dias, no segundo semestre de 2023.
Com certeza este é um assunto que ainda vai gerar muita polêmica.
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