Arqueólogos estão em um debate ferrenho se a espécie Homo erecuts, a primeira do gênero Homo, tinha uma linguagem. Alguns deles acreditam que membros da espécie chegaram em ilhas distantes de onde viviam construindo barcos e navegando pelo oceano, o que exigia uma língua em comum para se comunicarem entre si. Já outros dizem que não é possível provar isso.
Homo erectus
Primeiro, vamos contextualizar.
Os Homo erectus são uma espécie que viveu na África e, posteriormente, se espalhou pela Eurásia entre 1,8 milhão e 200 mil anos. Eles estão entre os primeiros membros reconhecíveis do gênero Homo e evoluíram para dar origem a outras espécies
Recentemente, arqueólogos estão discutindo se esses ancestrais tinham ou não uma linguagem devido aos achados em ilhas distantes de onde eles viveram, como Creta, na Grécia, e a ilha Flores, na Indonésia. Isso sugere que eles construíram barcos e aprenderam a navegar, o que indica uma comunicação efetiva entre eles.
Acadêmico discorda dessa hipótese
Para o professor de linguística Rudolf Botha, da Universidade de Stellenbosch (África do Sul), em uma nova análise, a teoria de que os Homo erectus tinham linguagem por causa dos achados em locais remotos não se sustenta.
Vamos a alguns pontos de discordância de Botha:
Para começar, o professor não acredita que os achados em Creta tenham sido dos Homo erectus. Tratam-se de ferramentas de pedra pré-históricas atribuídas à espécie, mas, segundo ele, podem ter sido feitas por outros povos antigos, como os Neandertais;
Já em Flores, restos humanos encontrados também foram atribuídos ao H. erectus, sugerindo a presença deles no local e motivando as teorias sobre a linguagem;
No entanto, os fósseis podem ter pertencido a descendentes da espécie, como o Homo floresiensis, Homo habilis ou o Australopithecus;
Ou seja, para ele, não é possível confirmar que os Homo erecuts um dia realmente já estiveram nessas ilhas;
Mesmo que o tenham feito, Botha diz que pode ter sido algo não intencional, não necessariamente o resultado da construção de barcos e conhecimento de navegação. Um exemplo dado por ele é do uso de jangadas naturais feitas de vegetação local.
Homo erectus tinha linguagem?
Ao final, a resposta de Botha é que não há evidências suficientes para provar que a movimentação da espécie foi voluntária (se sequer ocorreu). Portante, a teoria de que a construção de barcos e o conhecimento de navegação indica uma linguagem avançada não se sustenta.
No entanto, é inegável que a espécie conseguia se comunicar entre si de outras formas que não uma língua oficial. Segundo o IFLScience, uma das pistas disso são as ferramentas simétricas construídas pela espécie, que indica uma concordância entre eles.
Via:Olhar Digital