Surrender: 40 músicas, uma história chega às livrarias nesta terça, 01. A autobiografia conta a história de Bono, icônico vocalista do U2, e traz histórias inéditas de sua infância e carreira.
As entrevistas de divulgação do livro também renderam revelações muito íntimas de Bono, como sua relação entre o luto e sua voz, além de ataques direcionados à banda por conta de seu posicionamento político.
Disco Gratuito no iTunes
Bono pediu desculpas novamente por obrigar usuários do iTunes a baixarem disco Songs of Innocence (2014). Em trecho do livro de memórias, o músico se responsabilizou pela ideia peculiar. "Você está falando de música gratuita?" Tim Cook, CEO da Apple, perguntou em reunião realizada em 2014. "Você quer dar sua música de graça? Mas todo o ponto do que estamos tentando fazer na Apple é não dar música de graça. O ponto é assegurar o pagamento dos músicos," afirmou o presidente, segundo Bono.
"'Não,' eu disse. 'Não quero dar de graça. Você nos paga e, então, vocês distribuem, como um presente para as pessoas. Não seria incrível?", explicou o frontman. Cook não parece ter gostado da ideia, mas Bono insistiu e comparou a situação com uma assinatura da Netflix.
Ameaça de morte
O cantor falou pela primeira vez sobre os inúmeros ataques que a banda recebeu do IRA (Exército Republicano Irlandês), gângsteres e alguns grupos de extrema-direita ao longo de sua carreira para o Festival de Literatura Sunday Times Cheltenham, na Inglaterra. No evento, o líder do U2 revelou as tentativas de sequestro da esposa e filhas (via The Times).
Uma das canções mais conhecidas do U2, "Pride", um tributo a Martin Luther King, também foi ameaçada. Durante as apresentações da banda, Bono lembrou como, durante um show no Arizona, ele foi avisado de que se cantasse o verso sobre a assinatura de Luther King, o vocalista “não chegaria ao final da música”; percebendo a gravidade da situação, Bono cantou-a de olhos fechados.
Início da carreira pela falta da mãe
O luto pela mãe, Iris Hewson, motivou Bono a entrar no caminho da música e buscar carreira como "estrela do rock." Ele vivia com o pai, Bob, e o irmão mais velho, Norman, quando Iris faleceu. Ela teve um aneurisma aos 44 anos de idade - dias após o funeral do pai dela, em 1974. Após isso, "nunca mais foi falada" naquela casa, conforme ele explicou.
"Era pior que isso. Nós raramente pensamos nela depois disso. Éramos três homens irlandeses, e evitamos a dor que sabíamos que viria ao pensar e falar sobre ela," continuou Paul Hewson. O "buraco deixado no peito" serviu de combustível para Bono mirar a música como principal objetivo de vida. Compor e escrever foram os caminhos para dar vazão ao sentimento de perda e saudade - diversas canções do U2 falam sobre o tema, como "Will Follow," "Tomorrow," "Out of Control" e "Mofo."
Mudança na voz
Bono visitou confessionário em igreja na França para se desculpar com o pai após a morte dele em 2002. Diferente da maioria das pessoas que, ao se confessar, saem com menos peso na consciência, o cantor notou outra mudança: as notas que conseguia atingir com a própria voz.
“Já ouvi falar de pessoas que saem do confessionário livres do peso que carregavam. O que mudou para mim foi a minha voz. Senti que consegui alcançar algumas notas a mais; senti que estava me tornando um tenor de verdade," escreveu (via O Globo).
Crise de Adam Clayton
O livro também entrega mais detalhes sobre a crise de alcoolismo enfrentada por Adam Clayton, baixista do U2. Bono conta sobre turnê da banda por Sidney, quando o músico não compareceu à passagem de som e, depois, descobriram que ele estava inconsciente, trancado no quarto de hotel.
Via: Rolling Stone