A relação da torcida com a seleção brasileira foi sedimentada na Copa de 1938, na França, principalmente por causa do rádio. Pela primeira vez, os torcedores puderam acompanhar as transmissões das partidas, ao vivo. Ao contrário de 1930 e 1934, quando os resultados só eram informados pelos jornais, passou a ser possível acompanhar os duelos em tempo real. O locutor pernambucano Leonardo Gagliano Neto foi o responsável por essa façanha. A seleção fez uma boa campanha e terminou em terceiro lugar.
Passada a interrupção causada pela Segunda Guerra, o Brasil organizou o Mundial de 1950, que foi um espetáculo para o rádio. Mesmo com recordes de público nos estádios, a maioria da população não tinha outra alternativa a não ser acompanhar os duelos pelo veículo. A TV só chegaria ao país em setembro daquele ano.
De acordo com uma pesquisa IBOPE, 95% das residências da cidade do Rio de Janeiro, nos anos cinquenta, possuíam rádio, sendo que cada aparelho atingia, em média, três ouvintes, número que aumentava nos fins de semana. O aparelho ocupava o espaço central da casa e era o principal meio de informação e lazer.
Hoje, quando a Copa se aproxima, o comércio aproveita o momento para incentivar a compra de televisores. Em 1950, houve uma corrida às lojas para a compra de aparelhos de rádio. Os anúncios nos jornais e revistas eram muito comuns.
Os rádios estavam diminuindo de tamanho e se tornando cada vez mais compactos. Entretanto, em 1950, não era possível levar o aparelho para o estádio de futebol, algo que virou hábito de milhões de torcedores nos anos e nas décadas seguintes. Na fase final do Mundial, enquanto o Brasil jogava no Maracanã, o Pacaembu recebia simultaneamente a outra partida da rodada. Durante os jogos em São Paulo, o serviço de alto falantes do estádio informava a movimentação do placar no Rio de Janeiro. Os moradores da Paulicéia que estivessem mais interessados no duelo da equipe nacional optavam por permanecer em casa para ouvir os lances pelo rádio.
Via: Jovem Pan