A inteligência artificial (IA), antes considerada uma tecnologia futurista e de ficção científica, tem atribuído cada vez mais funções a robôs. O recurso já é empregado no dia a dia, em pesquisas na Internet e para dialogar com assistentes virtuais, como Siri e Alexa , e sua adoção no mercado de trabalho também tem crescido. Com isso, alguns profissionais se preocupam e levantam a seguinte questão: os robôs vão roubar os empregos dos humanos? A precisão e rapidez dos aparelhos pode assustar, mas a crença de que a IA vai deixar funcionários desempregados é um mito.
Segundo relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial em 2020, a automação do trabalho deve fechar 85 milhões de empregos no mundo em empresas de médio e grande porte até 2025. Por outro lado, a mesma pesquisa aponta que 97 milhões de empregos devem surgir por conta da IA, ou seja, um saldo positivo de 12 milhões de oportunidades. A seguir, listamos seis motivos pelos quais os robôs não podem roubar seu emprego.
1. A IA só consegue trabalhar a partir de uma base de dados
Inteligências artificiais são softwares que conseguem "aprender", a partir de uma programação prévia e da observação de padrões, e aplicar o conteúdo adquirido em suas próximas ações. No entanto, a IA precisa ter uma base de dados sólida para funcionar e, mais importante que isso, precisa estar preparada para lidar com os dados que recebe. Logo, caso a máquina receba informações que não foi programada para interpretar, não saberá o que fazer.
Apesar de a tecnologia ter evoluído e já possuir várias funções na sociedade, as inteligências artificiais ainda precisam que um humano as programe para que possam interpretar dados. Por outro lado, pessoas de carne e osso têm uma capacidade de adaptação muito mais aprimorada que as máquinas, e são aptas resolver problemas — ou, pelo menos, tentar — mesmo que não tenham sido "programadas" para lidar com eles.
2. Os robôs devem complementar o trabalho humano, e não substituí-lo
Mesmo que a inteligência artificial tenha ganhado força no mercado, os robôs assumiram, em geral, funções que são limitadas a repetições de tarefas ou trabalhos que não exigem uma multiplicidade de raciocínios. Isso significa que, em grande parte das áreas nas quais a tecnologia atua, ela serve para auxiliar o trabalho humano. Dessa forma, a IA se ocupa de ofícios rotineiros e "mecânicos" — como o controle de estoque em uma empresa —, enquanto as habilidades humanas de comunicação, raciocínio e relações pessoais tendem a ser ideais para tarefas mais subjetivas.
Inteligência artificial caminha de mãos dadas com o trabalho humano — Foto: Divulgação/DuoAI
Durante a SXSW 2021, o especialista em inteligência artificial Kai-Fu Lee revelou que diferentes áreas podem ser beneficiadas com o trabalho mútuo de máquinas e humanos. Um bom exemplo, segundo ele, é a medicina: "O médico pode deixar de tentar ser uma inteligência artificial, tentando memorizar todos os novos tratamentos e medicamentos, e passa a ser um cuidador mais empático. Acho isso um impacto transformador na profissão médica", relatou o estudioso.
3. Robôs não têm soft skills
Soft skills são competências relacionadas ao modo com o qual as pessoas se relacionam com outras. Por serem habilidades mais subjetivas, a inteligência artificial ainda não foi capaz de reproduzi-las. Este, aliás, é justamente um dos motivos pelos quais os robôs não devem roubar empregos dos humanos: as máquinas não têm soft skills, já que não possuem emoções.
Inteligência artificial não tem habilidades emocionais e de relações humanas, necessárias para qualquer funcionário — Foto: Fauxels/Pexels
Empatia, trabalho em equipe, resiliência, pensamento criativo e capacidade de escuta estão entre as soft skills mais valorizadas pelas empresas. A inteligência artificial só conseguiria chegar perto de replicá-las caso fosse possível programar as relações humanas — no entanto, encaixar a complexidade humana em um algoritmo é uma tarefa desafiadora.
4. Outras profissões vão surgir a partir da IA
Quanto mais computadores são programados para exercer funções repetitivas, mais profissionais são contratados para realizar a manutenção deles. Isso quer dizer que a existência da inteligência artificial também pode ajudar a gerar empregos em diferentes áreas, como ciência de dados, engenharia da computação e programadores.
Áreas que não estão diretamente relacionadas à tecnologia da informação também podem se beneficiar com um boom de oportunidades. É o caso do setor de recursos humanos, que precisará de profissionais especializados no recrutamento e seleção de talentos capacitados para atuar com big data, arquitetura de dados, machine learning e desenvolvimento de software. Alguns trabalhos, por sua vez, sequer existem no mercado, e surgirão quando outras demandas aparecerem.
5. Robôs não têm inteligência emocional
Como dito anteriormente, por mais que as máquinas tenham evoluído exponencialmente nas últimas décadas, elas não são capazes de avaliar e categorizar emoções humanas como os próprios humanos são. Além disso, seres humanos são diferentes. Caso uma inteligência artificial aprenda que tons de voz mais altos têm relação com um comportamento mais agressivo, por exemplo, ela pode interpretar erroneamente uma pessoa que fala naturalmente mais alto. Assim, independente de quão bem programada seja uma IA para responder e manter conversas, um ser humano ainda é a opção mais adequada para interpretar e se relacionar com outras pessoas.
6. Robôs precisam de humanos para funcionar
Apesar de algumas inteligências artificiais terem autonomia em seu funcionamento, são pessoas de carne e osso que programam as linhas de código para que as máquinas funcionem. Além disso, foi um ser humano que criou o dispositivo e definiu suas funções e detalhes, desde os softwares até o formato das peças. Assim, não é difícil entender que os robôs precisam de humanos para funcionar e, sem eles, os aparelhos se tornam inutilizáveis
São os humanos que programam e operam os robôs — Foto: Divulgação/Promobot
Além disso, as funções e aplicações da IA seguem crescendo, o que também aumenta a necessidade de humanos capacitados para manipulá-las. Alguém terá de fazer o design e programar a máquina, além de conduzir seu processo de execução de tarefas. Caso alguma máquina apresente problemas, serão pessoas que vão fazer sua manutenção e operá-las novamente.
Via: Techtudo