Década teve o começo de diversas sagas que continuam sendo importantes na cultura pop.
Não é de hoje que a indústria cinematográfica aproveita o sucesso de grandes filmes para lançar sequências. Na década de 1970, George Lucas começou o movimento dos blockbusters com Star Wars – Episódio IV: Uma Nova Esperança e, desde então, Hollywood já lançou diversas sagas de sucesso, como Mad Max, Jurassic Park, entre outros.
Porém, não dá para negar que o começo dos anos 2000 foi uma “época de ouro” das grandes franquias, com o lançamento de histórias que seguem impactando a cultura pop até os dias atuais.
Um dos melhores exemplos é Matrix, cujo primeiro filme foi lançado em 1999. Com Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss nos papéis principais, o longa chegou aos cinemas na “virada do milênio” com discussões que seguem contemporâneas, como o uso de tecnologia, questionamentos sobre a existência e lugar dos humanos no mundo.
Matrix: ação com roupas de couro
A história da franquia começou em 1994, quando as irmãs Wachowski fecharam acordo com a Warner para escrever o filme Assassinos. Junto com este projeto, o estúdio adquiriu os direitos de Matrix, confirmando o orçamento para um filme apenas. Segundo informações da época pela Variety, as irmãs cineastas sempre pensaram na história de Neo e Trinity como uma trilogia, mas a confirmação dos filmes seguintes só aconteceu após o sucesso do primeiro. Matrix Reloaded e Matrix Revolutions foram gravados ao mesmo tempo e lançados em períodos diferentes de 2003. Já em 2021 foi lançado o quarto capítulo da trama que, curiosamente, questiona todo o legado criado pela história e pelos fãs ao longo das décadas.
Matrix é um ótimo exemplo de história original que surgiu nos anos 2000, mas a época também foi marcada por grandes adaptações, especialmente de livros. Em 2001, por exemplo, aconteceram as estreias de O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel e Harry Potter e a Pedra Filosofal.
Os filmes tinham propostas diferentes: enquanto o longa de Peter Jackson tinha ares épicos, dando vida à uma história clássica de J.R.R. Tolkien, Harry Potter era mais voltado ao público jovem, trazendo uma história de amadurecimento em uma escola mágica. Apesar das diferenças, as duas produções foram um marco pela qualidade de produção e efeitos visuais e práticos: eram novos mundos fantásticos se abrindo para o público.
Imagem de Harry Potter e a Pedra Filosofal
Harry Potter apresentou um mundo mágico inédito nas telas.
O projeto de O Senhor dos Anéis é outro que foi desenvolvido ao longo dos anos 1990, para sair do papel em 2001. Na época, Peter Jackson teve diversos problemas com a produtora Miramax, de Bob e Harvey Weinstein. Os problemas foram tão grandes que a adaptação chegou perto de ser cancelada, até que a New Line comprou os direitos e topou financiar os três filmes de uma vez.
Já com Harry Potter, tudo começou pelo produtor David Heyman, que leu o primeiro livro em 1997 e enxergou o potencial para uma franquia cinematográfica. Ao vender os direitos dos quatro primeiros livros, a autora J.K. Rowling fez algumas exigências, incluindo a obrigatoriedade de um elenco britânico, com raras exceções.
Com os direitos em mãos, a Warner começou a colocar estruturar a adaptação, e chegou a chamar ninguém menos do que Steven Spielberg para dirigir o primeiro longa. No entanto, as ideias do cineasta não combinavam com as exigências da autora: o diretor queria condensar vários livros em apenas um filme, situar a trama nos EUA e ter Haley Joel Osment no papel principal. As partes não chegaram a um acordo e a direção terminou nas mãos de Chris Columbus, de Esqueceram de Mim, que posteriormente dirigiu também o segundo longa.
O sucesso dessas duas sagas segue até os dias atuais: o universo de Harry Potter tem os filmes de Animais Fantásticos e O Senhor dos Anéis está prestes a voltar com uma série no Amazon Prime Video.
Nesta categoria, também vale citar o lançamento de As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, em 2005. Embora não tenha feito o sucesso esperado, a história inspirada nos livros de C.S Lewis ganhou duas sequências e criou uma comunidade de fãs que torce por um reboot para contar a história completa dos irmãos Pevensie. Em 2018 foi anunciado que a Netflix adquiriu os direitos da obra, e pretende fazer filmes e séries neste universo.
Heróis e sonhos que se tornaram realidade
Ainda falando em adaptações, os anos 2000 trouxeram uma nova leva de filmes de super-heróis. Personagens de quadrinhos já tinham ganhado filmes e séries, como o próprio Superman no final da década de 1970, mas o avanço da tecnologia e dos efeitos visuais tornaram possível contar histórias como a de Homem-Aranha, lançado em 2002 por Sam Raimi.
A ideia de levar Peter Parker para os cinemas era antiga, e o personagem já tinha ganhado outras versões nas telas, incluindo uma no Japão. Em Hollywood, a adaptação começou a ser planejada após a Marvel vender os direitos do personagem para a Sony. Com um dos heróis mais populares das HQs nas mãos, o estúdio logo começou a colocar em prática o plano para o primeiro longa.
Na época, vários nomes foram considerados para a direção, incluindo James Cameron, Chris Columbus (que recusou o projeto para fazer Harry Potter) e até David Fincher, que queria adaptar o quadrinho que mostra a morte de Gwen Stacy. Mas nenhuma dessas ideias foi para frente, e quem ficou no comando foi Sam Raimi, que já tinha comandado diversas produções, especialmente de terror.
Para os apaixonados pelo aracnídeo nas HQs, ver o herói se balançando por Nova York ao som de Chad Kroeger, do Nickelback, foi um sonho realizado. O longa teve duas sequências: Homem-Aranha 2, de 2004, considerado por muitos como um dos melhores filmes de heróis, e Homem-Aranha 3, de 2007, que dividiu opiniões.
Apesar do encerramento da trilogia não ter sido satisfatório e de ter acabado com os planos de um Homem-Aranha 4, os longas protagonizados por Tobey Maguire seguem vivos na memória dos fãs e ganharam um novo capítulo com Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (2021), que resgata personagens icônicos dessa época.
É importante falar ainda outra obra que pavimentou o caminho das franquias de heróis atuais: X-Men: o Filme, de 2000. Com nomes como Patrick Stewart e Ian McKellen no elenco, o longa chegou numa época em que ainda era estranho ter heróis usando uniformes coloridos.
Influenciada pelo sucesso de Matrix, a produção vestiu os mutantes com roupas de couro, algo que fez bastante sentido para a época. O resultado foi mais uma franquia de sucesso, que levou às telas personagens populares dos quadrinhos, como Wolverine, Charles Xavier, Magneto, Jean Grey, Ciclope, Tempestade, Vampira, entre outros.
Imagem de X-Men: o Filme/ mutantes com roupas de couro
Após duas sequências, o universo de X-Men foi revitalizado em 2011 com o lançamento de Primeira Classe e os fãs aguardam agora por uma nova versão dos personagens dentro do MCU, após a compra da Fox pela Disney.
Enquanto tudo isso acontecia com os heróis da Marvel, a DC resolveu trazer de volta um de seus personagens mais queridos. Em 2005 chegou aos cinemas Batman Begins, com Christian Bale no papel principal. O Homem-Morcego tinha ganhado filmes há pouco tempo, mas a Warner queria trazer uma nova visão, menos colorida e mais sombria. Confirmado na direção, Christopher Nolan queria fazer uma história de origem de Bruce Wayne, e o roteirista David S. Goyer usou histórias como O Homem Que Cai e Batman: o Longo Dia das Bruxas como inspiração.
Mundialmente, Batman Begins arrecadou US$ 373 milhões nas bilheterias, número considerado baixo atualmente, mas que foi suficiente na época para a Warner fazer duas sequências: Batman: o Cavaleiro das Trevas (2008), que venceu dois Oscars, incluindo um prêmio póstumo para Heath Ledger; e Batman: O Cavaleiro das Trevas: Ressurge, com Tom Hardy no papel de Bane.
Batman: o Cavaleiro das Trevas
Batman de Christian Bale: muito preparo e tecnologia
Também vale citar outras grandes franquias que começaram nos anos 2000, como Velozes e Furiosos (2001), Shrek (2001), Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (2003) e o próprio MCU, com Homem de Ferro (2008) e O Incrível Hulk (2008). Todos esses filmes ganharam várias sequências, algumas consideradas até desnecessárias pelos fãs, mas que contribuíram para tornar os anos 2000 uma das épocas mais notáveis da história recente do cinema.
Se atualmente Hollywood segue repercutindo e recontando essas histórias, é sinal de que os lançamentos do começo do milênio foram inesquecíveis para toda uma geração.
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