Sérgio Vieira de Mello em foto de 2002/Imagem: Marcia Gouthier/Folhapress
O filme "Sergio", que chega à Netflix nesta sexta-feira, se dedica a contar a história de uma as figuras mais importantes da diplomacia brasileira: Sérgio Vieira de Mello, que se tornou Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos e morreu em um atentado contra a sede da ONU no Iraque, em 2003.
Na versão para as telas, ele ganhou as feições do ator Wagner Moura, que também produziu a obra e vê nela a oportunidade de tornar a figura de Mello mais conhecida.
Wagner Moura como Sérgio Vieira de Mello Imagem: Netflix
“É um herói nacional, mas acho que as pessoas no Brasil deveriam saber mais sobre quem foi Sergio, e acho que esse filme pode ajudar nisso.”
Abaixo, contamos um pouco da história de Vieira de Mello, que foi definido pelo então secretário-geral da ONU Kofi Annan como "a pessoa certa para resolver qualquer problema" —e chegou a ser cotado para sucedê-lo no cargo.
O começo na França Nascido no Rio de Janeiro, em 15 de março e 1948, Sergio Vieira de Mello era filho de Gilda dos Santos com o embaixador Arnaldo Vieira de Mello, que foi uma de suas inspirações. Depois de formado no ensino médio, ele foi cursar filosofia na Universidade de Paris (Sorbonne). Lá, participou dos movimentos de maio 1968 contra o governo do general Charles De Gaulle e chegou a ser preso, fatores que levaram a ditadura militar a impedi-lo de voltar ao Brasil por quatro anos.
No ano seguinte, Vieira de Mello desistiu da ideia de seguir carreira diplomática no Brasil após seu pai ser aposentado compulsoriamente. Aos 21 anos e formado, ele conseguiu uma vaga no Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, dando início a uma trajetória de 34 anos dentro da ONU.
Mas afinal, ele era diplomata?
Vale notar, aliás, que Vieira de Mello é chamado de diplomata por conta da natureza de seu trabalho na instituição, embora nunca tenha representado o Brasil no exterior.
As missões
Vieira de Mello se destacou na ONU por conta de seu trabalho em campo nas missões humanitárias. Ele esteve em áreas de conflito como Bangladesh, Sudão, Chipre, Moçambique e Camboja, onde coordenou a repatriação de mais de 300 mil refugiados.
Sua missão de maior relevância, destacada inclusive no filme da Netflix, foi a realizada em Timor Leste. Entre 1999 e 2002, ele fez parte do governo interino que ajudou a reerguer o país asiático, que havia conquistado sua independência após 24 anos sob domínio da Indonésia.
Após o sucesso da iniciativa, ele foi nomeado pelo secretário geral Kofi Annan como Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, cargo mais alto atingido por um brasileiro dentro da hierarquia da ONU.
Enviado ao Iraque
Sérgio Vieira de Mello foi recebido por George W. Bush em 2003, meses antes de ir ao Iraque para missão da ONU Imagem: Larry Downing/Reuters
Vieira de Mello, no entanto, passou pouco tempo no cargo. Atendendo a pedido de Annan, ele foi nomeado como representante especial da ONU em Badgá, no Iraque, que havia acabado de se tornar palco de uma guerra entre os Estados Unidos e as forças de Saddam Hussein.
A missão foi abreviada após um atentado a bomba contra o Hotel Canal, sede da ONU na capital iraquiana. Aos 55 anos, o diplomata foi uma das vítimas fatais do ataque, realizado no dia 19 de agosto de 2003, ao lado de outros 21 funcionários da organização. Ele deixou a companheira, a economista argentina Carolina Larriera, e seus dois filhos, Laurent e Adrien, frutos de seu casamento anterior, que tinham 25 e 23 anos na época do atentado que vitimou o pai.
Legado
Até hoje, Vieira de Mello é lembrado por políticos, ativistas e diplomatas por seu trabalho na ONU. Em 2017, ele foi homenageado na instituição por seus anos de serviço dedicados ao trabalho com refugiados. A atriz e ativista Angelina Jolie é uma das admiradoras do trabalho de Vieira de Mello:
“Não podia imaginar uma figura na liderança da ONU que não quisesse ter a chance de consultar Sérgio Vieira de Mello ou enviá-lo novamente para o campo “.
Angelina Jolie.
A organização ainda designou, em 2008, o 19 de agosto, dia do ataque à sede da ONU em Bagdá, como Dia Mundial Humanitário, em memória dos trabalhadores que perderam suas vidas defendendo a causa humanitária.
Nosso site usa cookies e outras tecnologias para que nós e nossos parceiros possamos lembrar de você e entender como você usa o site. Ao continuar a navegação neste site será considerado como consentimento implícito à nossa política de privacidade.