Por que a indústria de jogos está focada em aquisições e quem será o próximo estúdio?
Games
Publicado em 04/02/2022

As tantas e recentes movimentações na indústria de games, como a compra da Activision Blizzard pela Microsoft, a aquisição da Bungie pela Sony, ou mesmo a junção da Take-Two e Zynga – todas por valores bilionários – tem intrigado muita gente devido ao curto período de tempo entre cada anúncio. Apesar da concorrência neste setor de mercado não ser algo novo ou mesmo as grandes aquisições não serem um fenômeno, ultimamente a taxa de estúdios e editores – incluindo grandes – que estão sendo comprados aumentou dramaticamente.

Netflix quer entrar no mercado de games em 2022. Imagem: Ars Technica/Reprodução/Aurich Lawson

Por quê?

De acordo com o GameSpot, Piers Harding-Rolls, analista na indústria de games da Ampere Analysis, acredita que a expansão global de editoras de jogos, como Tencent e NetEase, o crescimento de streamings também para jogos, como Netflix, e o conceito de metaverso, são fatores que estão impulsionando esses grandes negócios em todo o setor.

O interesse em jogos das maiores empresas de tecnologia resultou em concorrentes que possuem uma ampla gama de habilidades técnicas, recursos líderes baseados em nuvem e posições financeiras muito fortes, tornando-os oponentes formidáveis”, explicou Harding-Rolls ao tabloide. “Não apenas há uma alta demanda contínua da indústria de jogos devido à proliferação de empresas, vitrines e serviços ativos no mercado, mas também há uma demanda crescente de setores adjacentes, como cinema e TV, que têm uma necessidade crescente de habilidades de desenvolvedor de jogos.”

Para Harding-Rolls, quando o assunto é valores, ele aponta ainda que, neste ritmo, a próxima grande aquisição deva chegar no valor de US$ 20 bilhões ou mais, à medida que as empresas analisam e definem suas estratégias para se adaptar a um cenário em mudança.

Acho que os grandes negócios que foram concluídos nas últimas semanas aumentam a chance de outra grande aquisição ou fusão em algum momento, à medida que as empresas reavaliam suas estratégias à luz do novo cenário competitivo. [as empresas] estão se sentindo estrategicamente expostas até certo ponto e irão considerar como eles podem competir melhor contra os grandes players de tecnologia e as empresas de plataformas de jogos. Podemos ver outra aquisição de uma grande editora ou talvez uma fusão entre os jogadores”, disse o analista.

Assassin’s Creed Chronicles – China. Imagem: Ubisoft/Divulgação

A Ubisoft, aparentemente, parece uma empresa ideal para adquirir, principalmente pelos seus títulos de peso, como Assassin’s Creed, Far Cry e Just Dance. Seu valor de mercado chega a cerca de US$ 6,8 bilhões atualmente e seus diversos estúdios pelo mundo tornam a empresa uma potência lucrativa. Contudo, devido as leis da França, onde a casa tem sua sede, a desenvolvedora que quiser se arriscar no negócio terá diversas burocracias para lidar, já que todo trâmite de aquisição estrangeira precisa ser aprovado pelo governo do país.

“A lei francesa torna difícil para uma empresa não francesa adquiri-los”, apontou Michael Pachter, analista da Wedbush. “Eles fazem mais sentido para um fabricante de console, já que eles possuem seu IP e têm um catálogo profundo de conteúdo, mas acho que uma aquisição é improvável.”

Temos também a Tencent, dona da Riot Games e de estúdios menores, como o desenvolvedor de Don’t Starve, Klei Entertainment, o estúdio Sumo Digital, com sede no Reino Unido, e o Turtle Rock Studio, da Back 4 Blood – um guarda-chuva de fusões bem interessante para o mercado.

A Tencent é financeiramente muito forte, mas por ser uma empresa chinesa enfrentará escrutínio sobre quaisquer grandes negócios que pretenda concluir no Ocidente, o que a coloca em desvantagem em relação aos concorrentes não chineses”, avaliou Harding-Rolls. “Como resultado, acho que permanecerá bastante direcionada e em menor escala em seus negócios”.

Imagem de gameplay do personagem Luke em ‘Street Fighter V: Champion Edition’. Capcom/Divulgação

A Capcom seria um grande impulso para o portfólio de jogos de qualquer empresa, á que a gigante japonesa de software abriga alguns dos IPs mais populares de todos os tempos; Street Fighter, além dos também importantes Monster Hunter, Resident Evil e Devil May Cry. Há também a Square Enix, uma gigante de RPG com Final Fantasy e Dragon Quest em sua biblioteca de IP. A desenvolvedora já realizou no passado, inclusive, acordo de exclusividade com a Sony com Final Fantasy VII Remake.

A Sega seria outro alvo principal graças a propriedades como Sonic the Hedgehog e vários outros IPs legados. A Konami, rica em recursos, e a EA, também são alvos interessantes.

Quanto à Nintendo, a empresa raramente faz aquisições de estúdios que não carregam o “DNA da Nintendo”. Recentemente, o presidente da companhia, Shuntaro Furukawa, afirmou durante a apresentação do relatório trimestral da empresa que a eles não pretendem realizar grandes aquisições, já que acreditam que envolver outra marca na desenvolvedora, de certa forma, não honraria os esforços de anos do grupo para construírem seu legado. A declaração pode, então, descartar por ora a Nintendo do cardápio.

Numa análise geral, tudo é possível. A Sony já deu a deixa de que sua movimentação ao comprar a Bungie é apenas o primeiro grande passo, já que afirmou que mais aquisições estão em andamento. Com todo esse novo cenário, é possível que Amazon, Google e outras big techs também reavaliem suas estratégias. Contudo, para os especialistas do setor, a temporada de consolidação está apenas começando.

 

Por: Olhar Digital

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